terça-feira, 22 de maio de 2012

ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

Abaixo segue trabalho produzido pelo grupo sobre Análise da Conversação.


A conversa é na mesa de jantar, entre três homens da mesma família

H60 - Homem de 60 anos | H33 - Homem de 33 anos | H30 - Homem de 30 anos

H60- O:: eu acho que não sei o que me pega um pouco... já pela minha idade e minha experiência é:: essa coisa da qualidade da mão de obra... e eu eu sou muito ligado a música... e vocês... o André músico o Rafael também toca mas profissionalmente voltado pra outra área... mas o que tá me pegando já há muito tempo é a qualidade da mão de obra seja qual for a:: área então eu num num num tô com muita paciência pra suportar determinadas situações como é que é pra você isso aí lá na tua ceara OU já nos outros trabalhos que ce teve?
H30- Ah ta  várias empresas que eu trabalhei é (ininteligível) é muita tem muito disso mesmo acho que a gente quer a gente é muito exigente com com com com com a produção de certos trabalhos com diversas coisas e você as vezes trabalha com pessoas que na mesma área que mexem de repente nos mesmos trabalhos tem as mesmas finalidades tem os mesmos objetivos só que você é mais perfeccionista mais exigente você quer que seja acha que é melhor ser feito  de tal forma... e quando ce percebe as pessoas conduzem de outra forma que você não gosta ou então é que no meu caso é: o trabalho é mais chato né? Mexer em em cálculos e finanças planilhas não é nada cria\criativo é mas não é nada que:: que possa é:: sei lá é:: é até chato falar sobre esse negócio entendeu?  Não é  são atividades chatas pra maioria das pessoas só que como eu trabalho com isso e eu até eu gosto eu acho que mas é a mes\mesma ideia também só que isso não vem nem de acho que mão de obra ruim ou desqualificada na verdade (ininteligível) tem hoje (ininteligível) tem pessoas que tem qualificação técnica e conhecimento currículo muito elevados mas ao mesmo tempo:: são pessoas horríveis né? São pessoas que trabalham muito mal pessoas que conduta uma ética ruim tem cargo de gestão e: são péssimas então vai desde a pessoa vamos dizer com nível de currículo cultural baixo até uma pessoa que se diz com nível cultural altíssimo mas que ao mesmo tempo é de repente é PIOR do que uma pessoa que não é [assim]
H60- [uhum]
H60- E pra você André o que ce tem... sentido ?
H33- É:::... Quando ce começou a falar eu comecei a pensar nas coisas assim do dia-a-dia de ... Ce falou mão de obra né? Do mai\mais assim a gente como cliente a gente pedindo coisa ou querendo ser bem atendido é:: como isso tá muito ruim né eu eu eu pensei nisso isso que veio a cabeça né? Que a gente acabou de pedir uma pizza e a gente lembrou de como ce é atendido de uma forma né? Às vezes parece que as pe... Aí eu não sei o quanto que tem disso da pessoa tá também insatisfeita o que faz com que ela com que piore a qualidade do serviço dela também então ela vai [ fazendo]

H30-[É]
H33- Aí de repente na empresa tem muito tem muita gente que tá meio que acomodada né? Então faz o serviço mais ou menos e meu nos tamo indo é:: então veio assim na minha veio na minha cabeça como é que e:: e a forma como é que se fazem as coisas aqui por exemplo a parte de atendimento você ser atendido OU ou a a quando você é coagido  né? Porque hoje em dia ce recebe muita ligação de banco dos jornais os caras querendo te forçar a comprar  a a a é uma forma de lidar assim que eu acho...  até desrespeitosa né? E aí você quer cancelar um serviço também é um outro é um outro problema então

H60- Não ce sabe que eu tenho trauma esse pessoal pegando esse gancho aí gente dessa entidade ou da outra que liga recentemente me ligou uma uma pessoa da Vivo eu tava no teatro e:: e: não dava pra eu atender a pessoa aí pra não ser desrespeitoso eu falei aa você: liga:: as quatro e meia da tarde ela perguntou

H33- Desliga aí

H60- Aí eu esqueci né ã:: e a pessoa ligou... né mais tarde e eu atendi... Ah então aí fica aquela sabe aquela conversa falsa simpática era da Vivo tal porque não sei o quê porque tal e ti e: eu falei olha querida é o seguinte eu tô trabalhando e eu não tenho interesse nenhum ã:::  em mudar meu plano pra Vivo e depois eu percebi que eu tava seguindo sozinho a conversa porque bateu o telefone na minha cara

H30-  Nossa
H33- Não
H60- Sabe essa coisa
H30-  [É mas a net faz muito isso]
H60- [e essa pessoa sabe que nunca vai ser] identificada ACHO
H30-  A net faz isso vai ligar reclamando a net é um dos piores serviços que tem ce começa a falar com a pessoa lá ce  começa a trunca a pessoa trunca aí a pessoa vai e desliga na tua cara    beleza

H60- Não filtro Europa
H30- Depois ce pede o  ce pede o código que eles dão pra ce rastrear ligação que ce tem o direito de pegar a ligação gravada vi::xe:  não vou mandar pro seu qual o e-mail do senhor? É tal nunca ce vai receber o e-mail com a ligação gravada
H60- É:::
H30- Com a gravação nunca
H60- É muito louco isso aí meu
H30- É:... que eu acho que o que rola muito é conflito de interesses né a pessoa trabalha numa empresa ela quer sempre ver o lado dela o lado dela o lado dela e:: nada contra a pessoa ver o lado dela só que a pessoa tá inserida numa empresa a pessoa tem que entender que ela tem que trabalhar PARA a empresa pode ser uma ONG pode ser uma empresa capital aberto ou:: qualquer coisa uma cooperativa ce não tem que trabalhar primeiro ce tem que pensar eu tenho que trabalhar pra atingir o resultado da empresa
H60- Uhm
H30- Como um todo depois é... Ver o meu lado também então
H60- Eu eu  acho que isso de certa forma tá ligado a uma entre aspas IGNORANCIA  ahn de uma grande maioria tem tem uma história famosa de um um  pianista que ia entrar prum concerto como primeira vez no Carnegie Hall e o maestro... e ele tava apavorado e olhando assim pela fresta da: cortina então o maestro chegou pra ele e falo:u ó você não sabe nada de música... aí o pianista que já tava apavorado ansioso ficou [pior ainda]
H30- [nossa]
H60-  Ó mas tem o seguinte eu não sei nada de música agora ce tá olhando esse pessoal aí todo lá... pela cortina ? Eles sabem menos que nós. ISTO em parte é verdade agora... Me parece que dessa forma generalizada fica sempre isso quem está no topo desta ou daquela situação se acha sempre extremamente superior a qualquer outro ser
H30- Uhum
H60- Esse pessoal aí quando de repente bate com o André que questiona umas coisas pertinentes... você... ou eu quando se eu domino  se eu domino aquele quesito lá a ser discutido eles já não gostam... né? Então existe essa [contrarreação]
H30- [é.. é isso mesmo]
H60- e de repente BUM some desaparece. Já não rolou?  Ahhh aquele caso lá da Amil que: iam fazer desconto? Fala pra ele rapidinho que você teve que cair matando em cima da pessoa lá falei não ma pera aí , nós dissemos que perguntamos e nos foi dito o que que não seria descontado
H33- É aí que é::: aí acho que não sei se é uma coisa que também é dessa dessa parte de repente cultural nossa aqui: de não saber se respeitar mas é porque eles acabam não respeitando a gente é::  que em outros países não deve ser assim né não deve acontecer dessa forma quer dize:r na hora que ce pede ce quer cancelar ou ce pede desconto os caras eles fazem de tudo pra que não aconteça como desligar na cara

Análise:

Analisando a filmagem e a transcrição\corpus acima, usando como base no livro Análise da conversação, de Marcuschi, notamos alguns recursos utilizados na fala, como a paralinguagem (uhm, uhum), a cinésica (mexem nos dedos, nas alianças), a proxêmica (os interlocutores estão próximos, e dependendo do momento, se aproximam mais, principalmente quando solicitam uma resposta); não identificamos em nenhum momento a tacêsica, e o silêncio na conversa só apareceu no formato de pequenas pausas. Tais pausas apareceram diversas vezes. Houve poucos segmentos ininteligíveis, e poucos truncamentos de palavras. A superposição de vozes apareceu algumas vezes. Os alongamentos de vogais foram frequentes.
Indicamos os falantes como H60, H33 e H30 (trata-se de conversa entre pai e dois filhos, a respeito de assunto que aparentemente incomoda aos três).
Os locutores alternavam o turno da fala em geral com muita ordem e coerência, em geral sem superposição de vozes, e sem simultaneidade de vozes. O marcador conversacional “né” apareceu diversas vezes, bem como o “uhm” e “uhum” marcando a participação dos outros interlocutores. A mudança de turno em geral ocorreu por passagem. O assalto foi raro.
Apareceram ao longo do corpus MCs simples (é), MCs compostos (sabe essa coisa), eMCs oracionais (é muito louco isso aí meu), e MCs prosódicos (apareceram pausas, e entonação diversa, com ênfase de algumas palavras.
A conversa foi coerente e coordenada. Os locutores trabalharam de forma cooperativa, co-produzindo um sentido, um foco comum. A interação progrediu, pois os três locutores partilhavam de opiniões aproximadas sobre determinado assunto, demonstrando interesse enquanto o outro explanava sua opinião. Houve marcas de atenção como balançar de cabeças, concordando.

Bibliografia:
MARCUSCHI, L. A. análise da conversação. 6 edição. São Paulo: Ática, 2007b.





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